sexta-feira, 17 de abril de 2009

Seios, pra que te quero!


Tem quem seja obcecada, tem quem não ligue e até (umas loucas!) que não gostam. Mas, pra mim, peito é importantíssimo. Veja bem, não quero com isso parecer que sou uma tarada por peitões à la Pamela Anderson.

É que passei a adolescência inteira sem seios. E isso era um fardo para mim. Sentia-me menos mulher por isso. Eu via minhas amiguinhas se exibindo, via como as roupas caiam-lhes bem e como era sensual aquele objeto sexual estrategicamente desenhado. Eu não tinha nada daquilo. Para disfarçar, encurvava as costas e passava (bem) longe decotes e golas V.

Tudo o que dava errado na minha vida era porque eu não tinha peito. Se um garoto me desse um fora, é porque eu sou despeitada enquanto TODAS as outras mulheres tinham seio. Se alguma menina era mais amiga de outra, era certamente pelos peitos. Choveu!? Ah, malditos seios que me faltam!

Well, acho que deu pra sacar como eu era noiada com isso tudo, né? Imaginem na primeira vez que eu fui pra cama com alguiém, então!! Eu quase morri de vergonha, minha gente. Eu queria, a todo custo, que as luzes estivessem completamente apagadas. Não queria que ninguém visse aquilo que me era motivo de tanta vergonha e trauma.

Aí veio a maioridade e com ela a solução: silicone. Eu estava no carro com o meu pai quando eu lancei a idéia:

- Pai, sabe aquela viagem de 15 anos que eu tava guardando pra fazer agora (minha irmã escolheu uma festança para comemorar seu debute, eu optei pela viagem, mas queria fazer quando fosse mais velha, pra poder entrar nas baladas e tudo mais)?
- Uhum. O que tem?
- Então, eu queria trocar a minha viagem por um outro presente?
- ...
- Pai, eu quero colocar silicone!
- Eu acho mesmo que você deve colocar, filha. Você é tão complexada com isso. Sem falar que você é alta e tem os ombros largos, e o silicone deixaria tudo mais proporcional.

Juro que até eu me espantei com a resposta do meu pai! Mas enfim, alguns meses depois e eu estava na mesa de cirurgia.

O médico não apenas me deu seios, ele me deu uma vida nova. Acho que eu nunca vou conseguir explicar o quanto o silicone foi importante pra mim, o quanto ele mudou a minha vida.

Eu realmente fui outra depois daquele sábado de novembro. Hoje eu me sinto tão mulher, tão poderosa, tão segura de mim... Ah, e eu uso e abuso do tomara-que-caia. Decotes então, nem se fala!

Verdade é que o seio carrega em si a vida e a feminilidade. E, por isso, eles são alvos constantes da minha atenção e carinho.

terça-feira, 14 de abril de 2009

Saudade tem hora pra acabar?



Eu namorei dois anos e meio. Ela era a amiga hétero de uma amiga também hétero. Estávamos todas na mesma balada, celebrando o meu aniversario. Bebida vai, bebida vem:

- Você é gostosa sabia? – a bebida falava por ela naquele momento, eu acredito.
- Ah... ta curiosa pra saber como é, né? – respondi com um sorriso sacana, e não menos alcoolizado.
- Você quem sabe...

Foi a deixa que eu precisava para roubar um beijo daquela morena. A noite passou e muitos beijos rolaram. Não só com ela e nem ela só comigo. (Observação importante: há poucos dias eu tinha acabado um namorico que me machucou muito).

A balada acabou e um novo dia começou. Na minha cabeça, tudo não passava apenas de um “one night stand”, uma ficada casual. Pra minha surpresa (e alegria) ela se apaixonou perdidamente. O namoro aconteceria em algumas semanas.

O envolvimento dela, porém, não era inteiramente correspondido por mim, que – imatura – não soube encarar um relacionamento de gente grande.

Nos víamos todos os dias e, no começo, era tudo um mar de rosas. Mas o amor dela foi aumentando e o ciúme também. Me sufocava e me instigava a provar que eu ainda era livre.

Já estávamos no sétimo mês de namoro, mais ou menos, quando eu vacilei pela primeira vez. O arrependimento veio logo e eu confessei minha traição, jurando que seria a última. Em nenhum momento ela pensou em acabar comigo. Só chorava. Chorava muito.

Depois disso, nada mais foi igual.

O namoro começou a ficar cada vez pior. O ciúme dela estava num estágio doentio, a desconfiança era tanta que ela chegou a pedir para eu mudar de faculdade e as brigas eram parte da rotina.

Mas, como eu disse antes, minha infantilidade atrapalhou muito e eu vacilei outras vezes. Várias vezes. Ela soube de todas, mas nenhuma pela minha boca (só a primeira).

No meio de tudo isso, acabamos e voltamos tantas vezes que duas mãos não conseguiriam contar. Até que ela pôs um ponto final, que seria definitivo.

Ela começou a sair com outra menina e então – cerca de 1 ano e 8 meses depois – a ficha (finalmente, irmãos!) caiu: eu amava aquela mulher mais do que tudo na minha vida.

Eu batalhei e consegui o que queria. Ela era minha de novo. E eu a tratei como ela merecia ter sido tratada desde o começo.

Mas ela já não me tratava como antes. Estava sempre irritada, com ciúmes de Deus e o mundo, não tínhamos amigos em comum e ela – de fato – havia mudado (no jeito de se vestir, de falar, de se portar...)

Foi numa briguinha besta (besta mesmo, perto das tantas outras que tivemos) ela disse que seria melhor parar por ali. Eu concordei, tava insuportável. Desligamos o telefone (sim, acredite se quiser, foi por telefone!!!!) e dormimos.

Por dias eu não tive notícia dela. Depois de algumas semanas eu a encontro na balada com a mina que mais não vale a pena no mundo*. Nunca mais voltamos, nunca mais nos encontramos e nos falamos pouquíssimas vezes depois disso.

Hoje, quase 7 meses depois do nosso término, ela está namorando uma outra menina, que até parece ser legal, embora não seja a namorada que eu desejaria que ela encontrasse. Eu também estou namorando outra garota, que tem me feito a mulher mais feliz do mundo (depois eu faço um posto dedicado exclusivamente a ela).

Mas eu estaria mentindo se dissesse que eu não penso mais na morena, que eu não sinto saudades e que ela morreu pra mim.

* Não falo isso por inveja, é que ela não vale a pena MESMO! Todo mundo sabe... e eu só não escrevo o nome dessa infeliz aqui pq esse mundo lésbico é um ovo e todas se conhecem! heheheh

segunda-feira, 13 de abril de 2009

O primeiro de muitos


Eu podia começar me apresentando, mas prefiro que essas formalidades sejam cumpridas com o passar dos posts. Por hora, me parece lógico que o primeiro texto fale exatamente do primeiro beijo.

Tinha tudo para dar errado: enquanto todos os meus amigos e a menina dos olhos azuis curtiam a festa de aniversário de uma colega do colégio, eu estaria no carro – na estrada – com a minha família.

Lembro-me bem daquela sexta-feira, chovia demais.

O relógio marcava 20 horas quando o telefone da minha casa tocou:

- Alô?
- Oi, filha! Tudo bem?
- Uhum – tentando parecer feliz com a viagem inconveniente.
- Escuta, a gente não vai mais viajar, não. Falei com o seu pai agora. Tá chovendo muito e as estradas estão paradas.
- Hum. Então eu posso ir no aniversário da Juliana, mãe? Vai ser num barzinho lá na Vila.
- Pode, só não vá chegar muito tarde, hein?

A euforia tomou conta de mim naquela hora. Sabe aquela cena bem patética onde alguém fica contente em receber alguma notícia e começa a saltitar pela casa feito boba? Pois é, eu tava assim: em êxtase. E toda essa explosão de sentimentos não era porque eu tinha certeza de que rolaria. Quer dizer, eu não descartava a possibilidade de rolar, mas eu tava feliz só por poder estar ao lado dela mais uma noite.

Mas como alegria de pobre dura pouco, a minha não era uma exceção. 2004 eu o último ano da minha “menoridade” e, portanto, era proibida de dirigir e meus pais se recusavam a me levar/buscar nas baladinhas da vida. Eu tinha SEMPRE que contar com a alma bondosa dos pais de amigos e amigos de amigos.

Apressei-me em ligar para todos os colegas que eu sabia que iriam pro tal do barzinho. Foi na terceira ligação que eu consegui a minha preciosa carona.

A menina de olhos azuis não sabia de nada. Na cabeça dela, eu tava viajando e nem passaria pela festa. Preferi manter a surpresa, só pra ver arregalados aqueles olhos hipnotizantes.

Como diria Adriana Calcanhoto: o relógio tava de mal comigo; as horas se arrastavam... A chuva deu trégua e o momento finalmente chegou. A buzina era o sinal de que minha carona estava ali. Mais alguns minutinhos no trânsito e... tchanã!

A portinhola enganava todos que pensavam que o bar era pequeno. Por dentro, as mesas se espalhavam por todos os lados e ainda havia espaço para uma pistinha de dança, isolada por paredes.

O pessoal conhecido estava acomodado nas mesas reservadas, as 3 últimas, que ficavam bem ao fundo do bar. Enquanto caminhávamos até eles, meu coração disparou: tum, tum, tum, tum.

Há poucos metros de distâncias nossos olhares se cruzaram. E só Deus sabe o que eu senti naquela hora. Como era de se esperar, ela arregalou os olhos azuis e, de brinde, um sorrisão enorme. Eu correspondi com a cara de uma mulher rendida, completamente apaixonada.

Ao lado dela estava uma amiga que, como ela, não era brasileira. Conversávamos apenas em inglês. Ela dizia à amiga o quanto eu era especial e o quanto estava feliz por eu estar ali.

- Essa festa ta um porre! Ainda bem que você chegou pra salvar a noite – disse ela.
- Nossa, a galera tá parada mesmo, hein? Vamos beber tequila!
- Ah, não. Eu já tomei muita vodca, já to meio alta. Vai lá no bar e chega no meu estágio.

Eu obedeci. Depois de uma dose de tequila e alguns copos de vodca, estava completamente solta. Ela me pegou pela mão e me levou pra pista de dança.

A música tava ótima, mas a pista era pequena. Ela, como sempre, tinha que fazer algo para chamar atenção. Subiu na mesa (sim, no meio da pista tinha uma mesinha para apoiar os copos e etc) e começou a dançar de uma forma incrivelmente sexy. E, obviamente, ela me puxou pra cima da mesinha também. E lá estávamos: causando na baladinha ht onde TODO O MEU COLÉGIO estava.

Okay, passado o momento “mamãe eu sou puta e danço na mesa”, descemos e começamos a esnobar os meninos que se enfileiravam pra tentar ficar com a gente. E eu não digo isso para que vocês pensem que nós éramos gatíssimas. I mean, não somos feias, mas os meninos chegaram na gente mais porque parecíamos biscates do que outra coisa (eu admito que meu passado me condena, ta legal!?).

Continuando, descemos e ficamos distribuindo botas. Até que, de repente (não mais que de repente), as pessoas sumiram, a música parou de tocar e só existia ela. Os olhos azuis penetravam fundo nos meus e era tão forte que nenhum músculo do meu corpo se mexia. Era o feito colateral da droga mais viciante de todos os tempos: a sedução feminina.

Não sei por quanto tempo permaneci estática, só sei que passado alguns minutos, os olhos azuis começaram a se aproximar mais e mais.

“É agora!” – eu pensei comigo mesma.

Os lábios rosados daquela menina de pele branca, cabelos escuros e olhos claros tocaram os meus por alguns segundos. Ela se afastou, olhou nos meus olhos como quem pergunta “quer continuar?” Eu respondi levando até ela os meus lábios.

O beijo foi doce. Macio. Envolvente. Macio. Esperado. Macio. Sincronizado. Macio. Verdadeiro. Macio. Apaixonado.

E eu gostei tanto, que saí correndo e deitei a cabeça no colo do meu melhor amigo (que anos depois se descobriu gay também!). Aos prantos eu dizia: “V. eu gostei”.

Eu sabia que aquele era apenas o primeiro. De muitos!